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Você não precisa ser produtivo o tempo todo

Produtividade é a palavra de ordem do Século atual. Em nossa cultura, essa tal produtividade é como um pré-requisito do cidadão que tem coragem, força de vontade, “que corre atrás” e que “não dá desculpas”. O famoso ser humano que trabalha, estuda, lê, se dedica, enquanto “os outros dormem”.


Estar disponível 24h para o trabalho se tornou algo admirável, algo a ser buscado. Pois, quem tem vergonha de ser diagnosticado com “burnout”? A famosa “doença” de quem trabalha demais? Trabalhar demais, de fato, não é errado. Equivocado talvez, seja viver a vida acreditando ser insubstituível.


Esse senso de urgência que vivenciamos nos dias atuais não é privilégio de poucos. A maior parte de nós está vivendo no modo automático. É preciso pagar as contas, é preciso se destacar, é preciso “ser alguém”, mas também não um alguém qualquer. É preciso ser aquele alguém que todos admiram e invejam a vida que leva.





Por vezes, nos deixamos tomar por aquela voz que diz “apenas você sabe/pode fazer isso”, “o seu modo de fazer é mais eficiente”, etc. “Voz” interna que não nos larga, não é?! Ser insubstituível é mesmo uma massagem para nosso ego. Estamos sempre prontos e dispostos não para apenas fazer as nossas próprias tarefas, mas também mostrar proatividade buscando ajudar em tantas outras funções. Afinal, tempo livre para que?! Tempo livre serve para produzir mais. Ler um livro de desenvolvimento e criatividade, assistir algum documentário ou vídeo de qualidade, fazer um curso que acrescente, enfim, mil e uma possibilidades para se desenvolver.


Em meio a tanto compromisso e comprometimento, aonde fica o descanso? O ócio real?


Ninguém é insubstituível. O mundo já era mundo antes de qualquer um de nós aportar por aqui e continuará sendo quando partirmos para novos rumos. As nossas tarefas serão designadas para alguém tão competente quanto nós, quiçá ainda mais. E nós viraremos apenas uma história que contarão para os que ficarem.


Então, que história é essa que você quer que contem a seu respeito? Genuinamente, pense na história que você gostaria de ouvir sobre você.


Genuinamente, pense no ser humano que você é. Um ser humano vulnerável como qualquer outro existente. Que não possui controle de nada e que, muito provavelmente, busca apenas “ser feliz”. O que é preciso para ser feliz? Talvez, viver.


É preciso se enxergar enquanto esse ser vulnerável, é preciso olhar e acolher as incoerências, as falhas, as imperfeições e os momentos de incerteza que pairam vez ou outra sob nossas cabeças. É corajoso pedir ajuda, mudar o rumo, reavaliar a vida. É corajoso se enxergar nas fraquezas e nos fracassos, para que também se enxergue a potencialidade dos acertos, sucesso e dias melhores.

Ninguém é “diferente” por se sentir impotente ou sem motivação, por acordar em um dia ruim ou por eventualmente não sentir vontade de fazer nada. Não é fraqueza decidir passar um dia jogado(a) no sofá de pijama, assistindo um besteirol e comendo algo que tem vontade. Não é fraqueza tirar férias e se desligar completamente do celular e dos eventuais problemas que possam surgir. Não é fraqueza dizer não. Não é fraqueza priorizar seu sono ou o tempo de qualidade com sua família e amigos.




A falta de perspectiva e vontade de maneira recorrente, pode ser sim um sinal de alerta e, portanto, recorrer a um profissional não é motivo de vergonha, pelo contrário. A nossa rede de apoio se mostra cada dia mais fundamental, por isso, saber com quem contar e possuir pessoas que nos acolham é parte fundamental desse processo.


É preciso saber quando parar, é preciso saber respirar, é preciso saber dizer “não está tudo bem”, porque está tudo bem se sentir assim. Não “saber tudo” é sinal de humildade e humanidade.


Ninguém é insubstituível, mas também, ninguém pode ser como você. Essa pode ser a nossa verdadeira tarefa de vida: sermos quem somos. Afinal, todos os outros já tem quem ser.

Gostou do texto? Deixe seu comentário. E para mais reflexões da Marina Rocha, você pode segui-la no Instagram @marinarochaa

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