Quando iniciei minha carreira profissional, tive a oportunidade de ingressar numa empresa de origem chilena, que prestava serviços na área de informática, para uma multinacional. Apesar da grande atuação no mercado brasileiro, nosso atendimento abrangia demais países da América Latina e, também, México.
Não demorou nada para que eu estivesse em contato com os usuários daqueles países, seja para realizar um atendimento ou solicitar informações necessárias.
A comunicação se dava mais por e-mail e havia várias mensagens anteriores que ajudavam neste processo de escrever a mensagem necessária no idioma que eu não dominava.
Talvez o termo “não dominava” seja até força de expressão, pois eu não sabia espanhol, nunca havia estudado e meu maior contato foi através das músicas da Shakira com o álbum “Pies Descalzos”.
Não lembro se o tal CD foi um presente, mas eu simplesmente amava ouvir aquelas canções e escutar aquela língua.
E ainda que, na minha adolescência, o espanhol tenha despertado um enorme interesse e curiosidade em mim, no meu ambiente de trabalho, as coisas eram um pouquinho diferentes.
Eu consultava e-mails enviados pela equipe, consultava o tradutor, perguntava aos colegas de trabalho e, desta forma, ia construindo minhas mensagens, atenta às palavras que utilizava para estar mais “afiada” para um próximo uso.
Outros colegas de equipe conversavam em espanhol por telefone e pareciam muito tranquilos com aquela situação. Eu me sentia em apuros, achava que por alguns momentos conseguia entender corretamente o contexto do que era falado e até me arrisquei a escrever e falar sem tanta ajuda, mas logo vi que apesar da familiaridade que temos entre português e espanhol, ou você aprende de fato o idioma ou se apropria do já conhecido portunhol.
Uma palavra que muitas vezes representa aquela tentativa, quase cômica, entre os falantes destas duas línguas de se comunicarem ou chamamos de portunhol a forma de falar dos aprendizes que estão em níveis iniciais e que realizam mesclas entre os idiomas, algo normal e que é superado com o tempo de estudo e prática.
Indo um pouco mais além, o termo Portunhol, já integra o Dicionário de Língua Espanhola (DLE), com a seguinte denominação:
Portuñol
Fusión de portugués y español.
1. m. Habla de base portuguesa que incorpora numerosos elementos léxicos, gramaticales y fonéticos del español.
Um outro apontamento curioso sobre o termo, está relacionado às zonas fronteiriças entre Brasil e sete países vizinhos, cuja língua oficial é o espanhol (Uruguai, Argentina, Paraguai, Bolívia, Peru, Colômbia e Venezuela). Nestas zonas são encontrados muitos habitantes que fazem essa mescla entre o português e o espanhol. No norte do Uruguai, principalmente em zonas rurais e periferias urbanas, o portunhol é um dos nomes que recebe a língua falada por estes habitantes.
Percebemos que nesta situação, o portunhol acaba por ser um casamento entre as duas línguas, onde pela aproximação e contato frequente, os habitantes não abrem mão da sua língua oficial, mas criam algo como um dialeto, que resulta na comunicação entre estes povos.
Aqui podemos perceber que o portunhol é uma realidade e ganhou até definição no dicionário.
Mas além desta realidade regional e das ocasiões onde caímos no uso do portunhol, esta mescla entre as línguas pode ter usabilidade no ambiente de trabalho?
Voltando à minha experiência profissional, posso dizer que o portunhol não atendia as reais necessidades de comunicação, sempre havia dúvidas sobre o contexto das conversas e orientações após reuniões em espanhol, por exemplo.
Foi neste momento que investi no meu aprendizado e frequentei aulas de espanhol.
Tive muito gosto por aprender, uma professora maravilhosa com vivência na Espanha e tive muitas aulas “vip”, por conta dos meus horários, o que tornou a experiência mais intensiva.
O meu progresso nos estudos foi refletido no trabalho, quando eu já atendia os clientes por telefone sem preocupação e redigia e-mails com total confiança.
E foi com o conhecimento adquirido no idioma que passei a observar casos de portunhol que aconteciam na empresa, entre outros atendimentos.
Numa determinada ocasião, escutei de um colega que atendia alguém ao telefone: “Fecha, fecha la janela”. Fiquei pasma!
O colega, sem dúvida alguma, tentava fazer o seu melhor, mas era perceptível a dificuldade do usuário, do outro lado da linha, para compreender o que lhe era pedido.
A orientação correta “cierra la ventana” ficou muito distante do que o usuário poderia compreender daquela orientação e, para complicar mais, a pronúncia que o colega usou para “fecha” (fetcha), é de uma palavra que existe em espanhol: fecha (ES) = data (PT). Algo que distanciou ainda mais as chances de comprensão daquela fala.
Algo bem pior aconteceu, quando um outro usuário entrou em contato procurando por um determinado analista, que estava numa conferência via telefone. A colaboradora, que atendeu o usuário, quis explicar o motivo pelo qual o analista estava ocupado e disse: “Fulano está en una ligación a três”.
Em português, o termo ligação é bem usual, mas em espanhol, apesar da definição no dicionário por “acción y efecto de ligar”, é um termo pejorativo. Se uma pessoa está em uma “ligación” com outra pessoa, isso quer dizer que estão numa relação íntima, se é que me entendem.
Por fim, não sei se o usuário entendeu o real motivo do analista estar ocupado, mas um simples deslize ao portunhol, certamente, criou uma situação constrangedora para o usuário.
Eu defendo a ideia de que não precisamos perder nossa identidade de fala como brasileiros, para nos comunicarmos em outra língua, mas precisamos nos apropriar de uma outra língua para isso, aprender vocabulário, construir diálogos, saber fazer perguntas e respondê-las, tudo isso na língua estrangeira, mas sem perder a brasilidade que exista na nossa fala.
O que é bem diferente de continuar a falar em português com um sotaque espanhol.
Dessa forma, a comunicação não ficará assertiva e, numa situação laboral, por exemplo, o comprometimento das informações, orientações e negociações podem resultar em prejuízo aos negócios.
Portanto, minha indicação é que você também invista no real conhecimento de uma língua estrangeira, seja para usar na profissão, por hobby, para viagens, o que for.
Invista em apropriar-se deste conhecimento para que sua comunicação e compreensão sejam assertivas.
Para isso, deixo o convite para que você conheça a TALKNTALK e toda a sua metodologia de ensino. São várias línguas disponíveis para que você aprenda, pratique e se comunique de verdade!
Saia do portunhol ou daquele “embromation” e comece o próximo ano construindo sua fluência numa língua estrangeira!
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Esse texto ficou muito bom, parabéns...estou iniciando no estudo do Espanhol e deixar de lado o Portunhol é muito dificil, porém extremamente necessário.